Em 1800 e antigamente Abraham Lincoln cantou a pedra sobre uma questão bem interessante: o ego. O poder em mãos, seja ele qual for, é capaz de deixar vazar sem controle aquela parcela narcísica que todos nós temos, porém, de forma surpreendente.
Tomemos por base que poder é a condição, a capacidade de governar, atuar, mandar, exercer influência junto ao outro de alguma forma. O ego é a sua personalidade, sua consciência, o seu eu, a realidade. E narcisismo é uma característica comportamental de amor por si mesmo, de disposição de força e energia voltadas para si, seja em nível considerado normal ou doentio. De acordo com o psicanalista Hemerson Ari Mendes, todos precisam de pessoas que detenham o poder para resolverem, deliberarem, coordenarem algumas situações. Precisa-se de pais, mães, professores, juízes, presidentes, prefeitos, reitores, médicos, guardas de trânsito, porteiros de boates, inspetores etc. Todos exercem algum tipo de poder, em algumas situações, ao longo da vida.
No entanto, o poder pode servir perfeitamente como o gatilho certeiro para se disparar no mundo real a sua Sombra – o seu lado obscuro, e tudo aquilo que até então poderia estar adormecido no seu mundo interior, ou apenas aguardando a oportunidade ideal de vir à tona todas aquelas fantasias irreais de sucesso e superioridade, de um ser unicamente especial, da necessidade de ser admirado e adorado, trilhado, muitas vezes, pelos caminhos da arrogância, da ganância e do orgulho.
Mendes ainda afirma que, assim como as drogas, o poder inicialmente dá prazer, ou alivia um desconforto, mas com o tempo, as pessoas que se tornam dependentes passam a gastar toda a sua energia para defender-se do desprazer da perda do poder. Mesmo pessoas que através do poder ganham algumas vantagens – lícita ou ilicitamente – não conseguem parar, a embriaguez aumenta o sentimento de onipotência e os faz acreditar que nunca cairão.
Se visualizarmos o anseio pelo poder enquanto um vício, é necessário colocar que este é também muito bem acompanhado pela inveja. A inveja é um sentimento complexo alimentado por uma gama de estados emocionais e o mecanismo responsável é a comparação. No seu emocional, o sujeito invejoso diante do seu desequilíbrio, deseja destruir, no mundo real ou no seu universo imaginário, o seu objeto invejado, por não suportar a sensação de ser menos que o outro. Leia o texto completo e entenda o funcionamento da inveja aqui.
“A vontade de poder, denunciada ou glorificada pelos pensadores modernos de Hobbes a Nietzsche, longe de ser uma característica do forte, é, como a cobiça e a inveja, um dos vícios do fraco, talvez o seu mais perigoso vício.” Hanna Arendt
E você, tem fascínio pelo poder?
Meu beijo bilionário para você.
Cristina Cruz,