Quando somos jovens tudo é muito mais rápido, mais intenso, mais profundo, mais empolgantes, mais rijo. Tudo é mais colorido, tem o volume mais alto e ninguém se preocupa com os joelhos. Mas quando a gente amadurece a coisa muda de figura.
Por que é difícil se acostumar a relacionamentos tranquilos? Padrões culturais, sociais e pessoais estão por trás da estranheza que relações sem turbulências despertam. Experiências de vida e referências familiares podem levar algumas pessoas a relacionamentos mais conflituosos e desgastantes.
“Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida…” cantava o Cazuza, e acho que todo mundo quer, né? Mas a calmaria pode causar estranhamento – e até tédio – para alguns.
“Desde o início, foi muito leve, me fez muito bem. É um lugar onde me sinto muito segura e isso é tão bom… Foram muitas sessões de terapia para me acostumar com a paz de ter um relacionamento tranquilo. Às vezes, eu confundia isso com quase um tédio. Ficava em um estado de alerta. E aí? O que está por vir? Não tem alguma coisa errada? Não está faltando um sentimento? Ainda mais sendo atriz e atuando desde pequenininha, acho que apreciava as reviravoltas, a intensidade – essas cenas são sempre as melhores, né? E agora ter esse novo registro de amor, que desconstrói a ideia de que tem que ser pelo conflito, é uma delícia. É muito potente viver dentro de um relacionamento de respeito, de admiração, de tranquilidade” Disse a atriz Bruna Marquezine quando namorava Enzo Raia Celulari.
É muito louco como a gente às vezes acaba se acostumando com relações conturbadas a ponto de não entender bem quando algo acontece de maneira leve.
Então, como é um amor saudável? Para se viver um amor maduro, é preciso que os envolvidos tenham autonomia emocional e possam expressar seus desejos, pensamentos e sua essência, e que essa independência psicológica não seja vista como uma ameaça para a relação.
Quando se fala em amor maduro, refere-se a dois indivíduos que podem ser quem eles são na íntegra, sem que isso gere um nível de insegurança , baixa autoestima, invalidação, e até estresse, no outro e no relacionamento. Em uma relação que é imatura, as pessoas tendem a projetar suas necessidades emocionais conscientes e inconscientes no parceiro (a) e cobram com unhas e dentes dessa parceria uma demanda que é muito mais individual do que relacional.
Ao abordar a paz de um relacionamento tranquilo, significa poder ser genuíno, autêntico, verdadeiro e isso não gerar uma sensação de insegurança, de conflito e guerra constante. Ou seja, a tão estranhada paz de um relacionamento tranquilo está em poder amar o outro com suas qualidades e fragilidades e também poder ser quem se é, com suas vulnerabilidades e características positivas, sem que isso se torne uma ameaça.
E, pelo jeito, é justamente isso que pode ser mais difícil do que parece de se concretizar nos dias de hoje onde há uma grande tendência à superficialidade, volatilidade, quantidade e ausência de conexão.
Um beijo da Rainha.