FRIDAY FEELINGS 06: TODA OSTENTAÇÃO EMOCIONAL É UMA DEMANDA REPRIMIDA

Quando se fala em ostentação, acredito que a primeira cena que vem à sua cabeça é de alguém em meio ao luxo excessivo. No entanto, trago aqui uma outra forma de ostentação que é muito comum e as pessoas não se dão conta: a ostentação emocional.

Imagine aquela criatura que vive falando que tem autoestima elevada, que é super confiante, que é incrível e por aí vai. Aquela que afirma o tempo todo, ou pelo menos sempre que há oportunidade, seus ‘méritos psicológicos’. Pois bem, isto é a ostentação emocional.

Trata-se de um comportamento característico pelo exibicionismo contínuo de suas habilidades e traços emocionais. Uma necessidade de estar no centro das atenções e validar tais características. Alguém altamente arrogante – ainda que não perceba, que se utiliza da competitividade negativa para se destacar junto aos demais, isto é, colocar-se em patamar de superioridade.

Porquê isso acontece?
Geralmente, por trás deste comportamento escondem-se feridas emocionais. As feridas emocionais são aquelas dores vividas no período da infância e adolescência, períodos onde estamos construindo nosso repertório emocional e psicológico, e que, de alguma forma, acabaram desenvolvendo um certo trauma no subconsciente. Trauma é aquele acontecimento marcante de alta carga e impacto psicológico que gera bloqueios ou limitações emocionais na camadas mais profundas da mente, refletindo diretamente em comportamentos negativos diversos.

Trago aqui cinco feridas emocionais compiladas e estudadas pela especialista Lisa Bourbeau e como as correlaciono com a ostentação emocional:

1. Medo de ser abandonado: essa construção mental se trata do receio de que toda e qualquer pessoa vá nos deixar ou virar as costas. Assim, ostenta-se suas qualidades a fim de espantar essa possibilidade. É como se a pessoa pensasse: como sou incrível não serei abandonado.
2. Medo de ser rejeitado: aqui a espinhal dorsal é a crença de não ser bom o suficiente e por isso acabar sendo rejeitado. Junto a esta crença há inúmeras inseguranças em relação a si mesmo e também baixa autoestima. É como se a pessoa precisasse mentir para ela mesma afirmando o tempo todo que é maravilhosa para espantar estes fantasmas.
3. Ser humilhado: A origem desse traço está no julgamento das pessoas, nas críticas pesadas e na reprovação. Alguém que já sofreu isso e carrega consigo a dor do vexame ao ser diminuído através de conduta abusiva. É como se a pessoa precisasse se exaltar o tempo todo para evitar qualquer tipo de humilhação novamente.
4. Ser traído: aqui entra o quesito confiança em sentido amplo, não necessariamente em um relacionamento amoroso. Ao depositar créditos em alguém, ou também viver em ambientes que promovessem quebra da confiança, como violência doméstica por exemplo, onde a recíproca não é verdadeira, cria-se um parâmetro de traição em qualquer tipo de relação e situação da vida. É como se a pessoa precisasse arrotar suas qualidades para colocar ‘medo’ no outro para ganhar respeito.
5. Sofrer injustiça: se sentir injustiçado é se sentir desvalorizado, fato. E somos criados dentro de uma perspectiva infantil de que se eu sou bom com o mundo, a vida e o outro, logo, isso deve ser retribuído. Assim como nas outras feridas emocionais, essa é uma lacuna que acaba sendo projetada para o seu futuro “eu”. É como se a pessoa precisasse enaltecer seus traços positivos a fim manipular pessoas e situações para afastar qualquer possibilidade de passar novamente pela dor da frustração da desvalorização.

O fato é que há muros de repressão de sentimentos negativos. Se o muro existe, deve existir alguma sustentação. Não foi construído de enfeite. Ninguém reprime seus sentimentos, desejos e anseios à toa. Na verdade, tem a finalidade de proteger o ego de uma dor maior.

E assim, toda ostentação emocional nada mais é do que o reflexão de uma demanda reprimida.

Um beijo da Rainha.

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