FRIDAY FEELINGS 09: COM VOCÊS, MARILYN MONROE

Corri para a Netflix para assistir o aclamado e esperado ‘Blonde’, produção impecável à respeito do mito Marilyn Monroe, brilhantemente interpretada pela atriz Ana de Armas e produzido pela Plan B de Brad Pitt. É uma obra que pode chocar por retratar quem ela realmente era, e não como gostariam que fosse.

Como estudo (e utilizo) arquétipos, com Marilyn não foi diferente. Já li e assisti uma série de materiais sobre ela bem como já a utilizei enquanto energia arquetípica para trabalhar certos aspectos em mim. Em ‘Blonde’ há uma grande sensibilidade em retratar os bastidores daquela que entraria para a história e é vangloriada nos quatro cantos do planeta até os dias de hoje.

Nascida Norma Jean (seu verdadeiro nome), tornou-se um ícone do meio artístico hollywoodiano como modelo, atriz e cantora. Monroe estava para além de um nome artístico. Tratava-se de uma projeção dentro do seu quadro patológico dissociativo.

Marilyn nunca foi diagnosticada com uma patologia psiquiátrica específica. Contudo, considerando a análise do seu comportamento altamente destrutivo, suas recorrentes depressões e estados delirantes, relacionamentos pessoais instáveis, bem como a identidade dissociativa, instabilidade emocional e impulsividade, muitos especialistas acreditam que sofreria de Transtorno de Personalidade Borderline.

O que em nada anulava seu talento e suas qualidades. Era uma mulher extremamente disciplinada, inteligente, leitora voraz, autodidata, instintiva, ousada, naturalmente carismática, observadora, criativa, ambiciosa, com uma presença hipnotizante.

Por outro lado, era uma pessoa solitária, depressiva, com vazio existencial profundo, dependente química – álcool e drogas, dependente emocional, que sofreu inúmeros abusos físicos e psicológicos desde criança, realizou diversas tentativas de suicídio, todos os seus relacionamentos amorosos foram tóxicos, manipuladora, possuía medo do abandono e da rejeição, extremamente insegura e carente, instabilidade do humor – em certos momentos a pessoa pode estar a beira do abismo e em questão de minutos, se encontra em uma euforia extrema, crenças fortíssimas de culpa e não merecimento. Ora acreditava ser Norma Jean, ora acreditava ser Marilyn Monroe, ora não sabia quem era.

No fundo tratava-se de uma pessoa de alma livre aprisionada em um corpo e mente adoecidos cujo o desejo era de ser genuinamente amada e cuidada.

Me pergunto quantas mulheres pelo mundo afora apresentam um quadro semelhante desde aquela época até o presente momento. Não me refiro ao transtorno borderline, e sim ao cenário como um todo. O envolvimento em relações abusivas cegas pela carência afetiva, o alto índice de consumo de álcool e drogas e destruindo-se por não se sentirem boas o suficientes para serem amadas como gostariam, bombardeadas por decepções e sufocadas pelas frustrações. Morrendo um pouco a cada dia por trás de cada sorriso e vida feliz que apresentam diariamente nas redes sociais.

Assista ‘Blonde’ com este olhar. Do retrato das diversas Marilyn Monroe que existem por aí. Estrelas fantásticas que do seu jeito apenas desejam amor. E na força de Norma Jean, rogo por um mundo com mais acolhimento e respeito e menos julgamento e tirania.

Um beijo da Rainha.

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