Mendiga o afeto do outro aquele que não tem o amor por si mesmo.
Muitos são aqueles que confundem cada vez mais o amor com obrigação alheia. Sinceramente, não é de se surpreender, afinal, este é o resultado de uma sociedade pautada por distorção de valores que incute por todos os lados a política do benefício. Amor tornou-se consumo, posse, closes e propriedade. #Sóquenão.
Impor ao outro o compromisso de satisfazer o seu desejo de necessidade emocional gira em torno da fuga de si mesmo. Muito se fala sobre o tal ‘amor’. Pouco se valoriza o pontapé inicial: o amor próprio. Este consiste em ser amigo de si, isto é, respeitar-se, cuidar-se, valorizar-se, entender-se, conhecer-se, escutar-se e aceitar-se na sua totalidade com seus pontos de luz e também os sombrios. Mas não né, fácil e cômodo é jogar a ‘batata quente’ para o outro.
Aquele que não se ama é um grande colecionador de frustrações. Dorme e acorda sete dias na semana com pesos diversos nas suas costas aguardando fantasiosamente o milagre cósmico do príncipe/princesa ideal que irá se encaixar perfeitamente nas suas fantasias. E para dar aquela forcinha para o destino, atira para todos os lados desesperadamente. Usa alguns aplicativos de relacionamentos como o Tinder, grita aos quatro ventos para todos os amigos, usa aquele olhar 47 na fila do supermercado, dentre outros.
Aquele que não se ama vive na condição de constante fragilidade e aceita migalhas. Qualquer fragmento de atenção é acolhido, consciente ou inconscientemente, como ‘amor’, tornando o sujeito emocionalmente dependente daquilo. O vazio é momentaneamente preenchido com um oi no whatsapp, uma transa sem sentido, um like numa foto e um follow no instagram. Este processo é seguido por uma sequência de justificativas descabidas objetivando manter vivo ao máximo esta sensação de preenchimento. ‘Ai que amor, ele/ela me chamou no whats; que fofo/fofa curtiu minha foto; é mas depois de X tempo foi comigo que fulano/fulana quis transar….’
Alguns ingredientes do portador de ausência de amor próprio: carência afetiva em nível agudo, baixa autoestima, solidão, vazio emocional, autopiedade, egoísmo infantil, sentimento de inferioridade, complexos materno e/ou paterno não resolvidos, e a lista segue.
Exemplo atual de sintoma deste comprometimento emocional: excesso de selfies e postagens sobre si mesmo nas redes sociais. Outro exemplo: excesso de caridade, de doação ao próximo – seja este quem for. Ao traduzir ambos os exemplos, no contexto da indigência, é possível afirmar que, basicamente, consiste em um jogo psíquico inconsciente para o sujeito onde se diz “ei mundo, estou fazendo a minha parte, agora faça a sua, me dê amor por favor”.
Algumas características comportamentais que permeiam a vida deste sujeito: submeter-se a relações amorosas abusivas e/ou destrutivas, manter-se constantemente apoiado em pessoas das relações pessoais e familiares, fuga da responsabilidade dos seus erros, apego a elementos materiais, vulgaridade, vida sexual desregrada, ansiedade em nível crônico, oscilações em curto tempo entre agressividade e afetuosidade, fuga da realidade, dependência emocional, imaturidade, comodismo – inclusive com o que lhe faz mal, e por aí vai.
O amor é algo nobre e deve ocorrer de modo natural. Onde há a súplica pelo mesmo, então meu caro leitor, pode ser uma série de coisas, menos amor.
Volte ao início e leia este texto novamente. Depois aceite que é preciso buscar ajuda profissional para encontrar o seu caminho para o amor próprio e passar para o estágio de ganhos, e não se manter perpetuamente na condição de prejuízos.
Grande abraço,
Cristina Cruz | Arquiteta da Mente & Mentora Internacional
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